A palma forrageira (cacto do gênero Opuntia) é uma das forrageiras mais estratégicas para regiões semiáridas, sendo uma reserva natural de água e energia para o rebanho. No entanto, apesar de seu alto teor energético e água, a palma não é um alimento completo. Conhecer suas deficiências nutricionais é fundamental para garantir o desempenho e a saúde dos animais.
Nutrientes que faltam na palma forrageira e suas consequências
Embora forneça energia rápida e hidratação, a palma apresenta deficiências importantes que podem comprometer crescimento, reprodução, produção e saúde geral do rebanho. Os principais nutrientes faltantes são:
1. Proteína bruta (PB)
A palma possui proteína muito baixa, geralmente entre 3% e 5% da matéria seca. Animais em crescimento, lactação ou reprodução exigem dietas com 12% a 18% de proteína. A deficiência pode reduzir ganho de peso, produção, fertilidade e imunidade.
Como complementar: farelo de soja, farelo de algodão ou ureia (com acompanhamento técnico), ajustando a proporção de acordo com a necessidade proteica do rebanho.
2. Fibra fisicamente efetiva (FDN)
A palma tem baixa quantidade de fibra longa necessária para estimular a ruminação. A falta de fibra aumenta o risco de acidose ruminal, queda na produção, alterações no teor de gordura e problemas digestivos.
Como complementar: bagaço de cana hidrolisado, feno de capim, silagem de milho ou sorgo. A fibra garante saliva suficiente para tamponar o rúmen e manter a saúde digestiva.
3. Minerais essenciais
A palma é deficiente em minerais como fósforo, zinco, cobre e selênio. Desequilíbrios minerais podem gerar problemas reprodutivos, metabólicos e imunológicos.
Como complementar: suplemento mineral completo formulado para a categoria animal (gado de corte, leite, ovinos ou caprinos), sempre disponível no cocho.
4. Vitaminas e micronutrientes
Vitaminas A, E e do complexo B estão presentes em níveis baixos na palma. A deficiência pode reduzir ganho de peso, fertilidade, imunidade e resistência a doenças.
Como complementar: vitamina A e E podem ser fornecidas via suplemento ou mistura mineral vitamínica, especialmente para animais em crescimento ou reprodução.
Variedades de palma e diferenças nutricionais
Nem todas as variedades de palma são iguais. Além da resistência a pragas, cada tipo apresenta composição nutricional diferente, impactando diretamente a dieta do rebanho:
- Orelha de Elefante Mexicana (Opuntia robusta): maior biomassa, alta capacidade de armazenamento de água, energia concentrada e resistente à seca.
- Palma Califórnia: menor porte, rápida rebrota, boa palatabilidade, indicada para manejo de cortes frequentes.
- Clone IPA Sertânia: uniformidade genética, alta produtividade, resistência à cochonilha, excelente para formulação de dietas consistentes.
- Palma Doce ou Miúda: boa energia, mas suscetível à cochonilha e menor resistência à seca.
Como montar uma dieta equilibrada usando palma
Para aproveitar todo o potencial da palma, ela deve ser combinada com fontes de proteína, fibra e minerais. Uma dieta balanceada considera:
- Proporção de palma: 30% a 50% da matéria seca, dependendo do tipo de animal e disponibilidade de forragem.
- Complemento proteico: farelo de soja, algodão ou ureia controlada.
- Fibra longa: feno, silagem ou bagaço de cana para estimular ruminação e evitar acidose.
- Suplementação mineral e vitamínica: garantir fósforo, selênio, zinco, vitamina A e E.
Conclusão: palma como base, mas não alimento único
A palma forrageira é insubstituível em regiões semiáridas por fornecer energia e água. No entanto, para que o rebanho atinja desempenho máximo, é essencial complementá-la com proteína, fibra e minerais. Conhecer suas deficiências e variedades disponíveis permite ao produtor criar dietas seguras, econômicas e eficientes.