Durante um discurso inflamado nesta quinta-feira (17), no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro e reafirmou seu compromisso com a soberania e a identidade nacional.
Em meio a um auditório lotado de estudantes e militantes, Lula abordou a apropriação simbólica da bandeira do Brasil por grupos políticos e acusou Eduardo Bolsonaro de agir contra os interesses do país ao buscar apoio internacional para seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Falso patriota”: Lula critica Eduardo Bolsonaro e ligação com Trump
Em tom direto e provocativo, Lula classificou Eduardo Bolsonaro como um “falso patriota”, criticando a recente viagem do deputado aos Estados Unidos. Segundo o presidente, a intenção de Eduardo seria pressionar o ex-presidente norte-americano Donald Trump a interferir em processos que envolvem Jair Bolsonaro no Brasil.
“Agora, manda o filho dele para os Estados Unidos. ‘Vai lá, pede para o Trump me absolver’. E ele fica abraçado na bandeira americana, este patriota falso”, declarou Lula, arrancando aplausos efusivos da plateia.
A declaração faz referência à postura do bolsonarismo, frequentemente associado a um alinhamento automático com interesses e símbolos estrangeiros, especialmente os dos Estados Unidos, em detrimento da política externa autônoma que historicamente marcou o Brasil.
A disputa simbólica pela bandeira do Brasil
Um dos trechos mais emblemáticos do discurso foi a defesa de Lula pela bandeira verde e amarela como patrimônio do povo — e não como símbolo exclusivo de um grupo político. O presidente condenou a apropriação ideológica do símbolo nacional durante os anos de governo Bolsonaro, destacando que a bandeira pertence à diversidade do povo brasileiro.
“A bandeira verde e amarela vai voltar a ser do povo brasileiro”, afirmou Lula. “O Bolsonaro se abraça na bandeira americana. Transfira seu título para lá e vá votar lá. Porque aqui quem manda somos nós brasileiros.”
O discurso reposiciona a simbologia nacional como instrumento de união e soberania, numa tentativa clara de recuperar narrativas e ressignificar símbolos que foram distorcidos durante o período de extrema polarização política.
Reação em um Brasil dividido
A fala de Lula repercute num momento sensível da política nacional, em que o país busca reconstruir pontes após anos de polarização, ataques às instituições e instabilidade democrática. O Congresso da UNE, historicamente palco de resistência estudantil, serviu como cenário ideal para Lula reafirmar seu alinhamento com a juventude, os movimentos sociais e a defesa da democracia participativa.
A crítica ao clã Bolsonaro, nesse contexto, extrapola o embate pessoal: trata-se de uma reafirmação de valores como soberania, independência e orgulho nacional — diante de ameaças externas, submissão ideológica e discursos de ódio que marcaram o debate político recente.
Identidade nacional em disputa
Ao resgatar o valor simbólico da bandeira brasileira e condenar sua apropriação por setores da extrema direita, Lula busca reconstruir a noção de patriotismo baseada na inclusão, na diversidade e na soberania popular.
Seu discurso no Congresso da UNE é um chamado à juventude e à população em geral para que se reapropriem dos símbolos nacionais e os resgatem como expressões autênticas da pluralidade brasileira.
Conclusão
Mais do que um ataque retórico a Eduardo Bolsonaro, a fala de Lula representa uma tentativa de reconstruir a identidade nacional em tempos de crise política e social. Ao devolver a bandeira ao povo e questionar alianças externas movidas por interesses pessoais, o presidente convoca os brasileiros a retomarem o protagonismo político com base em valores democráticos e genuinamente nacionais.