Em um avanço significativo para a agricultura espacial, pesquisadores conseguiram cultivar grão-de-bico em solo lunar simulado pela primeira vez.
O estudo, liderado por Jessica Atkin e Sara Oliveira Santos, das universidades A&M e Brown, explorou a possibilidade de produzir grão-de-bico em amostras de solo lunar simulado.
O solo lunar, conhecido como regolito, é composto por partículas afiadas e granulosas que não possuem os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas e contêm compostos tóxicos para elas.
Para superar esses desafios, as pesquisadoras utilizaram a micorriza arbuscular, um tipo de fungo que pode formar relações simbióticas com o grão-de-bico. Este fungo é capaz de remover elementos radioativos e metais pesados do solo.
Além disso, as pesquisadoras adicionaram minhocas ao solo, pois elas podem se alimentar de materiais que seriam descartados (como restos de alimentos), transformando-os em nutrientes para o solo.
A combinação da ação das minhocas e o efeito de filtragem das toxinas proporcionado pelos fungos poderia ajudar as plantas a crescer e tornar o solo mais fértil.
Para testar o cenário, as pesquisadoras cultivaram grão-de-bico em uma mistura de poeira lunar sintética e vermicompostagem com e sem o fungo.
Elas observaram que apenas na mistura de vermicompostagem e solo lunar com os fungos as plantas sobreviveram e produziram flores.
Esta foi a primeira vez que o grão-de-bico foi cultivado em uma mistura cuja composição tinha mais de 30% de solo lunar, e o resultado foi surpreendente.
“Mesmo que as primeiras gerações do grão-de-bico não sejam comestíveis, o processo de biorremediação pode remover as toxinas do solo com o tempo”, sugeriu Atkin. Com isso, talvez seja possível produzir outras plantas no mesmo solo.
Este avanço é particularmente relevante à medida que a NASA se prepara para levar novos astronautas à Lua para estadias longas, destacando a importância de produzir o próprio alimento durante missões de longa duração.
O regolito lunar precisará se tornar o principal meio de produção de alimentos para os astronautas que explorarem nosso satélite natural.
Os resultados do estudo foram publicados no repositório biorxiv e aguardam revisão para publicação em revistas científicas.