Imunoglobulina G (IgG): O que é?
A Imunoglobulina G (IgG) é o tipo de anticorpo mais abundante no soro sanguíneo humano, representando cerca de 75% de todas as imunoglobulinas. É uma proteína globular produzida pelas células plasmáticas, um tipo de glóbulo branco, em resposta à exposição a antígenos, como bactérias, vírus, fungos e toxinas.
Funções da IgG no Sistema Imunológico
A IgG desempenha um papel crucial na imunidade humoral, atuando em diversas frentes para proteger o organismo contra infecções. Suas principais funções incluem:
- Neutralização de toxinas e vírus: A IgG se liga a toxinas e vírus, impedindo que eles se liguem às células hospedeiras e causem danos.
- Opsonização: A IgG reveste os patógenos, tornando-os mais fáceis de serem reconhecidos e fagocitados (ingeridos) por células do sistema imune, como macrófagos e neutrófilos.
- Ativação do sistema complemento: A IgG pode ativar a cascata do complemento, um sistema de proteínas que leva à destruição direta dos patógenos ou à intensificação da resposta inflamatória.
- Citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC): A IgG se liga a células infectadas, marcando-as para serem destruídas por células natural killer (NK) e outras células citotóxicas.
- Imunidade passiva em recém-nascidos: A IgG é a única classe de anticorpo que pode atravessar a placenta, fornecendo imunidade passiva aos recém-nascidos durante os primeiros meses de vida, protegendo-os contra infecções até que seu próprio sistema imune se desenvolva completamente.
Subclasses de IgG
Em humanos, existem quatro subclasses de IgG: IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Cada subclasse possui características estruturais e funcionais ligeiramente diferentes, o que lhes permite desempenhar papéis específicos na resposta imune. Por exemplo, a IgG1 e a IgG3 são mais eficientes na ativação do complemento e na ADCC, enquanto a IgG4 tem uma menor capacidade de ativar o complemento e pode atuar como um anticorpo bloqueador, inibindo a ligação de outros anticorpos aos seus antígenos.
IgG e Diagnóstico de Doenças
A medição dos níveis de IgG no sangue é frequentemente utilizada no diagnóstico de diversas doenças, incluindo:
- Infecções: Níveis elevados de IgG podem indicar uma infecção recente ou passada. A presença de IgG específica para um determinado patógeno confirma a exposição a esse patógeno.
- Doenças autoimunes: Em doenças autoimunes, o sistema imune produz anticorpos (incluindo IgG) que atacam os próprios tecidos do corpo. A detecção desses autoanticorpos é fundamental para o diagnóstico de doenças como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e esclerose múltipla.
- Imunodeficiências: Níveis baixos de IgG podem indicar uma imunodeficiência, uma condição em que o sistema imune não funciona adequadamente, tornando o indivíduo mais suscetível a infecções.
Produção de Anticorpos IgG: Resposta Imune Adaptativa
A produção de anticorpos IgG faz parte da resposta imune adaptativa. Quando o corpo encontra um antígeno pela primeira vez, as células B (um tipo de glóbulo branco) são ativadas e se diferenciam em células plasmáticas, que produzem grandes quantidades de anticorpos, incluindo IgM (o primeiro anticorpo a ser produzido). Com o tempo, a resposta imune amadurece, e as células plasmáticas passam a produzir principalmente IgG, que possui maior afinidade pelo antígeno e uma vida útil mais longa no organismo, conferindo proteção duradoura.
Imunoglobulina G: Aplicações Terapêuticas
Além de seu papel natural na imunidade, a IgG também é utilizada em diversas aplicações terapêuticas, como:
- Imunoglobulina intravenosa (IVIG): A IVIG é uma preparação de IgG purificada de doadores saudáveis, utilizada para tratar imunodeficiências, doenças autoimunes e outras condições.
- Anticorpos monoclonais: Anticorpos monoclonais são anticorpos IgG produzidos em laboratório que são direcionados a um antígeno específico. Eles são utilizados para tratar diversas doenças, incluindo câncer, doenças autoimunes e doenças infecciosas.