Variedades de palma forrageira resistentes à cochonilha-do-carmim

Cochonilha-do-carmim ameaça a palma forrageira. Descubra as variedades resistentes que garantem produção sustentável e segurança ao rebanho.

Escrito por Redação
4 min de leitura

A pecuária em regiões semiáridas depende de forrageiras adaptadas, e a palma forrageira (cacto do gênero Opuntia) sempre foi a principal delas. Contudo, essa cultura enfrenta uma ameaça devastadora: a praga cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae). Este pequeno inseto sugador de seiva já dizimou milhares de hectares de variedades tradicionais, tornando a produção inviável em muitas áreas.

A solução mais eficaz e sustentável para este problema não está em defensivos químicos, mas na genética. O plantio de variedades que possuem resistência natural à praga é a única forma segura de garantir a longevidade e a produtividade do palmal. Conhecer essas variedades é fundamental para o produtor rural que deseja investir com segurança.

A ameaça da cochonilha-do-carmim

A cochonilha-do-carmim é um inseto que se aloja nos cladódios (as “raquetes”) da palma, formando colônias com uma aparência esbranquiçada e algodonosa. Ao sugar a seiva, ela enfraquece a planta, causa o amarelamento e a seca dos cladódios e, em infestações severas, leva à morte de toda a touceira. Sua disseminação é rápida e o controle é extremamente difícil em variedades suscetíveis.

A variedade suscetível: palma doce ou miúda

A Palma Doce (Opuntia ficus-indica), também conhecida como Miúda ou Redonda, foi por décadas a mais plantada no Brasil devido à sua dupla aptidão (forragem e frutos) e baixo teor de espinhos. No entanto, ela é altamente suscetível à cochonilha-do-carmim. Atualmente, seu plantio em larga escala representa um risco econômico muito elevado para o produtor.

As soluções disponíveis: variedades resistentes à praga

Felizmente, a pesquisa e a seleção de materiais genéticos resultaram em variedades que convivem com a praga sem sofrer danos significativos. As principais opções para o produtor são:

1. Palma Orelha de Elefante Mexicana (Opuntia robusta)

Considerada uma das mais seguras, a Orelha de Elefante possui alta resistência à cochonilha. Sua morfologia, com cladódios grandes, largos e de cor verde-azulada (glauca), parece ser naturalmente menos atrativa para a praga. Além da resistência, suas principais vantagens são a altíssima produtividade de biomassa e a extrema rusticidade, sendo também a mais tolerante à seca.

2. Palma Califórnia e sua alta capacidade de rebrota

Esta variedade tem ganhado imensa popularidade justamente por ser a solução direta para quem gostava da palma miúda. A Palma Califórnia tem um porte pequeno e alta capacidade de rebrota, formando touceiras cheias, mas com a característica crucial de ser resistente à cochonilha-do-carmim. Ela combina a produtividade de variedades menores com a segurança contra a praga.

3. Clone IPA Sertânia: inovação da pesquisa brasileira

Desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), a IPA Sertânia é um clone de palma forrageira selecionado especificamente por sua alta produtividade e comprovada resistência à cochonilha. É um material genético fruto da pesquisa nacional, totalmente adaptado às condições do semiárido brasileiro e uma escolha técnica segura para a formação de novos palmais.

Conclusão: resistência como investimento estratégico

Plantar palma forrageira hoje sem considerar a resistência à cochonilha-do-carmim é colocar todo o investimento em risco. A substituição de variedades suscetíveis por materiais resistentes como a Orelha de Elefante, a Califórnia e a IPA Sertânia não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade estratégica.

Ao escolher uma variedade resistente, o produtor garante a sustentabilidade de sua produção, reduz custos com manejo de pragas e assegura a disponibilidade de alimento para seu rebanho a longo prazo, mesmo com a presença da praga na região.

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