A busca pela rentabilidade na pecuária leva muitos produtores a questionar a produtividade de suas terras. Compreender quantas arrobas um hectare de pasto consegue gerar é fundamental para otimizar a produção e garantir a sustentabilidade do negócio. No entanto, essa resposta não é única.
A produtividade de uma pastagem depende de uma complexa interação de fatores, desde a escolha da forrageira até o manejo diário. Cada detalhe influencia diretamente a capacidade do pasto de converter luz solar e nutrientes em biomassa, que por sua vez alimenta o rebanho. Produtores eficientes entendem e manipulam essas variáveis para maximizar seus resultados.
Entendendo a unidade de medida: arroba
A arroba é a unidade de medida padrão na pecuária brasileira para comercializar e quantificar o peso do gado. Ela representa quinze quilogramas de peso vivo do animal. Ao falarmos de produtividade, usamos a arroba para expressar a quantidade de carne produzida por área.
Utilizar a arroba permite uma comparação justa e padronizada entre diferentes sistemas de produção. Assim, é possível avaliar o desempenho financeiro e zootécnico de uma fazenda, independentemente do tipo ou porte do gado.
Monitorar a produção em arrobas por hectare ajuda a medir a eficiência do seu sistema. Isso inclui tanto o ganho de peso individual dos animais quanto a capacidade de suporte da pastagem. Uma maior produção de arrobas significa maior rentabilidade.
Fatores que influenciam a produtividade do pasto
A capacidade de um hectare de pasto produzir arrobas varia amplamente. Ela pode ir de 5 arrobas por hectare ao ano em sistemas extensivos e degradados, até mais de 30 arrobas por hectare em sistemas intensivos e bem manejados. Essa variação depende de uma série de fatores interligados.
O sucesso da produção pecuária em pastagem está em gerenciar esses elementos de forma integrada. Aprimorar um fator isoladamente pode não trazer o resultado esperado se outros aspectos estiverem limitando a produção. Um bom planejamento é essencial.
Tipo de forrageira
A escolha da espécie forrageira é um dos pilares da produtividade. Cada tipo de gramínea ou leguminosa possui características distintas em relação ao potencial de produção de massa, valor nutricional e adaptação a diferentes solos e climas. Algumas são mais exigentes, outras mais rústicas.
Gramíneas como o Panicum maximum (Mombaça, Tanzânia, Zuri) têm alto potencial produtivo em solos férteis e bem manejados. Já as Brachiarias (Marandu, Piatã, Xaraés) são mais resistentes a solos de média fertilidade e a períodos de seca, com boa produção.
Escolha a forrageira ideal considerando as características do seu solo, o regime de chuvas da região e o tipo de animal que será criado. Uma forrageira adaptada é o primeiro passo para maximizar a produtividade do pasto.
Manejo do pastejo
O manejo do pastejo é crucial para a saúde do pasto e a produtividade animal. Ele determina como os animais consomem a forragem, impactando o rebrote e a longevidade da pastagem. Um manejo inadequado leva à degradação e à baixa produção.
O pastejo rotacionado, por exemplo, permite que o pasto descanse e se recupere após o período de pastejo. Isso garante a manutenção da altura ideal da forrageira, estimulando o crescimento de novas folhas e evitando o consumo excessivo das reservas da planta.
Defina a altura de entrada e saída dos animais da pastagem conforme a espécie forrageira. O superpastejo (animais permanecem por muito tempo ou em número excessivo) prejudica o desenvolvimento da planta e a capacidade de suporte. O subpastejo (animais em número insuficiente) permite que a forrageira envelheça, perdendo qualidade.
Fertilidade do solo
Um solo fértil é a base para qualquer pastagem produtiva. As plantas forrageiras necessitam de nutrientes essenciais para crescerem vigorosas e com alto valor nutritivo. A deficiência de um único nutriente pode limitar significativamente a produção de biomassa.
Realize análises de solo periódicas para identificar as necessidades de correção e adubação. A calagem (aplicação de calcário) ajusta o pH do solo e fornece cálcio e magnésio, elementos cruciais para a disponibilidade de outros nutrientes.
A adubação, com nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), repõe os nutrientes que as plantas absorvem. O nitrogênio, em particular, é um dos principais responsáveis pelo crescimento vigoroso das gramíneas. Pastagens bem nutridas produzem mais massa e com melhor qualidade.
Condições climáticas
O clima da região é um fator que o produtor não controla, mas precisa gerenciar seus efeitos. A pluviosidade (chuva) e a temperatura influenciam diretamente o crescimento das forrageiras. Períodos de seca prolongada reduzem drasticamente a produção de massa verde.
Regiões com chuvas bem distribuídas ao longo do ano favorecem um crescimento contínuo das pastagens. Em contrapartida, áreas com estações secas bem definidas exigem estratégias de manejo específicas, como o uso de forrageiras mais resistentes à seca ou a suplementação animal.
A temperatura também afeta o metabolismo das plantas. Cada forrageira possui uma faixa de temperatura ideal para seu desenvolvimento. Temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas, podem estressar a planta e reduzir sua capacidade produtiva.
Manejo de pragas e doenças
Pragas e doenças podem comprometer seriamente a produtividade da pastagem, reduzindo a massa disponível e a qualidade nutricional. O controle eficaz é fundamental para proteger o investimento feito na formação e manutenção do pasto.
As plantas invasoras (daninhas) competem por luz, água e nutrientes com as forrageiras cultivadas. Seu controle, seja por métodos mecânicos, químicos ou culturais, é essencial para garantir o pleno desenvolvimento da pastagem.
Insetos-praga, como as cigarrinhas-das-pastagens, causam grandes prejuízos ao sugar a seiva das plantas e injetar toxinas. O monitoramento constante e a aplicação de medidas de controle, quando necessárias, evitam perdas significativas de produtividade.
Capacidade de suporte do pasto
A capacidade de suporte é o número máximo de animais que uma pastagem pode sustentar por um período sem comprometer sua estrutura e produtividade futura. Ela é expressa em Unidades Animais (UA) por hectare. Uma UA geralmente corresponde a um animal de 450 kg.
Calcular e respeitar a capacidade de suporte evita o superpastejo, que degrada o solo e a forrageira. Um pasto sobrecarregado tem seu potencial produtivo reduzido a longo prazo, levando à erosão e à diminuição da qualidade nutricional.
Ajustar a taxa de lotação (número de animais por área) à capacidade de suporte do pasto é uma prática de manejo sustentável. Isso garante que os animais tenham forragem de qualidade disponível e que a pastagem se mantenha produtiva por mais tempo.
Cálculo da produtividade: como estimar
Estimar a produtividade em arrobas por hectare envolve a combinação de alguns dados-chave da sua fazenda. Primeiro, determine a taxa de lotação média do seu pasto ao longo do ano, expressa em Unidades Animais por hectare (UA/ha).
Em seguida, calcule o ganho de peso médio diário (GPD) dos seus animais. Multiplicando o GPD pela duração do ciclo de pastejo e pelo número de animais, você obtém o ganho total em quilogramas.
A fórmula simplificada é: (Número de animais x Ganho de peso médio por animal) / Área do pasto em hectares. Para converter para arrobas, divida o total em quilogramas por 15.
Considere a rotatividade do rebanho ao longo do ano. Um pasto pode sustentar mais animais em determinadas épocas, como o período das chuvas, e menos na seca. O cálculo deve refletir a produção anual total do hectare.
Melhorando a produtividade do seu pasto
Melhorar a produtividade do pasto é um investimento contínuo que traz retornos significativos. Comece com um planejamento detalhado, considerando as características específicas da sua propriedade e seus objetivos de produção.
A recuperação de pastagens degradadas é uma estratégia eficaz. Isso pode envolver a correção do solo, a ressemeadura ou a reforma completa do pasto. Um pasto recuperado volta a produzir com alto potencial.
Invista em tecnologias e técnicas de manejo modernas. O uso de cercas elétricas, por exemplo, facilita o manejo rotacionado e otimiza o uso da forragem. A irrigação em áreas específicas pode prolongar o período produtivo do pasto.
Acompanhe constantemente o desempenho da sua pastagem e do seu rebanho. Registre dados sobre o ganho de peso, a taxa de lotação e a condição do pasto. Isso permite identificar pontos de melhoria e ajustar as estratégias de manejo rapidamente.
Considere a diversificação de espécies forrageiras para se adaptar a diferentes condições climáticas ou épocas do ano. Algumas forrageiras podem ser mais produtivas na seca, enquanto outras se destacam no período das águas.
A suplementação estratégica dos animais, principalmente na estação seca, complementa a dieta fornecida pelo pasto. Isso permite manter o ganho de peso e a taxa de lotação, mesmo quando a disponibilidade de forragem é menor.
Conclusão
Determinar quantas arrobas um hectare de pasto produz é um desafio que não possui uma resposta fixa. A produtividade varia imensamente, influenciada por uma teia complexa de fatores como a escolha da forrageira, o manejo do pastejo, a fertilidade do solo e as condições climáticas.
O produtor de sucesso compreende que o pasto é uma cultura agrícola que exige cuidado e investimento. Analisar o solo, manejar o pastejo de forma eficiente e controlar pragas são ações cruciais para otimizar a produção de biomassa e, consequentemente, de arrobas.
Atingir altas produções de arrobas por hectare é resultado de um manejo integrado e contínuo. Ao focar na saúde do pasto e na nutrição animal, você não só aumenta a rentabilidade da sua propriedade, mas também promove a sustentabilidade do sistema de produção pecuária.