A busca por eficiência e rentabilidade na pecuária leva muitos produtores a sistemas de produção mais avançados. Um dos pilares para o sucesso nesses modelos é o conhecimento preciso sobre o desempenho dos animais, especialmente o ganho de peso. Entender quantas arrobas um boi atinge em um sistema de pasto intensivo é crucial para o planejamento, a tomada de decisões e, claro, a lucratividade da fazenda.
O peso de um boi é um indicador direto da sua capacidade produtiva e do manejo aplicado. Em sistemas intensivos, onde cada hectare precisa produzir mais, a otimização do peso vivo e do rendimento de carcaça torna-se ainda mais vital. Este conhecimento permite ao pecuarista monitorar o progresso dos animais e ajustar as estratégias nutricionais ou de manejo conforme necessário.
O que é pasto intensivo?
O sistema de pasto intensivo representa uma abordagem moderna da pecuária, focada em maximizar a produção por área. Ele se distingue do pasto extensivo pela maior carga animal e por um manejo mais apurado da forragem.
Nesse modelo, o objetivo é utilizar o pasto como principal fonte de alimento, mas com intervenções que aumentam sua produtividade. Isso envolve práticas como a correção e adubação do solo, o uso de forrageiras de alta qualidade e o manejo rotacionado ou contínuo com altas lotações.
Diferenças entre pasto intensivo e extensivo
A principal diferença reside na intensidade de uso da terra. No pasto extensivo, a área por animal é grande e o manejo é mínimo, resultando em menor produtividade individual e por hectare.
Já no pasto intensivo, há uma alta taxa de lotação. Os animais são manejados em piquetes menores e o tempo de pastejo é controlado. Isso garante que a forragem seja utilizada de forma mais eficiente, permitindo um maior ganho de peso por animal e por área.
Benefícios do sistema intensivo
A adoção do pasto intensivo traz diversas vantagens para o pecuarista moderno. Elas impactam diretamente na sustentabilidade e nos resultados financeiros da propriedade.
- Maior produtividade por hectare: Permite criar mais animais em uma área menor.
- Melhor ganho de peso individual: A oferta constante de forragem de qualidade acelera o desenvolvimento.
- Redução da idade de abate: Animais atingem o peso ideal mais cedo, liberando capital.
- Otimização do uso da terra: Libera áreas para outras culturas ou conservação.
- Maior rentabilidade: Com custos por arroba produzida muitas vezes mais competitivos.
Fatores que influenciam o peso do boi de pasto intensivo
O peso final de um boi de pasto intensivo não é um valor fixo. Diversos fatores interagem para determinar quantas arrobas o animal alcançará ao final do ciclo de engorda. Compreender essas variáveis ajuda o pecuarista a tomar decisões mais assertivas.
Raça e genética
A escolha da raça é fundamental, pois diferentes linhagens possuem potenciais de ganho de peso distintos. Raças zebuínas, como o Nelore, são predominantes no Brasil e adaptadas ao clima tropical.
Cruzamentos com raças europeias (Angus, Brangus, Senepol) são comuns para agregar precocidade e melhor qualidade de carcaça. A genética do touro e da matriz define grande parte do potencial de crescimento do bezerro.
Idade e sexo do animal
Animais mais jovens geralmente apresentam maior taxa de conversão alimentar, ou seja, convertem o alimento em peso com mais eficiência. Garrotes e novilhas, se bem manejados, podem ganhar peso rapidamente.
Machos castrados (bois) tendem a apresentar um ganho de peso mais homogêneo e maior rendimento de carcaça do que fêmeas. A idade de abate varia, mas em sistemas intensivos, busca-se a precocidade.
Manejo nutricional e sanitário
A qualidade da forragem é o ponto de partida em pastagens intensivas. Uma pastagem bem manejada, com bom valor nutricional, é crucial para o ganho de peso. A suplementação, seja mineral, proteica ou energética, acelera o processo.
Um programa sanitário eficaz, com vacinação e controle de parasitas, garante a saúde dos animais. Animais saudáveis expressam todo o seu potencial genético e convertem melhor os nutrientes em massa corporal.
Qualidade da pastagem
A composição botânica do pasto, a altura de entrada e saída dos animais nos piquetes, e a frequência de adubação afetam diretamente a oferta de nutrientes. Pastagens bem manejadas evitam o estresse nutricional.
A disponibilidade de água limpa e fresca também é um fator crítico. Animais com acesso restrito à água consomem menos matéria seca e, consequentemente, ganham menos peso.
Como calcular o peso em arrobas
A arroba é a unidade de medida padrão para comercialização de gado no Brasil, equivalente a 15 quilogramas (kg). Converter o peso vivo do animal para arrobas é um processo simples, mas essencial para a gestão financeira da fazenda.
Para realizar a conversão, basta dividir o peso vivo do animal em quilogramas por 15.
Número de arrobas = Peso Vivo (kg) / 15
Por exemplo, um boi com 450 kg de peso vivo equivale a: 450 kg / 15 = 30 arrobas.
Faixas de peso de um boi de pasto intensivo
O peso de um boi de pasto intensivo pode variar significativamente, dependendo dos fatores mencionados. No entanto, é possível estabelecer faixas médias para diferentes categorias de animais, considerando um bom manejo.
Peso de garrotes em fase de recria
Garrotes são animais jovens que saem da fase de bezerro e entram na recria. Nessa etapa, o foco é o crescimento da estrutura óssea e muscular. Em um sistema intensivo, eles podem apresentar ganhos de peso acelerados.
- Início da recria (pós-desmame): 180 kg a 250 kg (12 a 16.7 arrobas).
- Final da recria (pré-engorda): 300 kg a 380 kg (20 a 25.3 arrobas).
Peso de bois na fase de engorda e abate
A fase de engorda é onde o animal acumula carne e gordura para atingir o peso e o acabamento de carcaça ideal para o abate. Em pasto intensivo, com suplementação estratégica, os bois chegam ao ponto de abate mais rapidamente.
- Boi magro (início da engorda): 380 kg a 450 kg (25.3 a 30 arrobas).
- Boi gordo (pronto para abate): 480 kg a 600 kg ou mais (32 a 40 arrobas ou mais).
É importante notar que esses valores são referências. O peso ideal de abate também depende das exigências do mercado e do frigorífico.
O impacto do rendimento de carcaça
Não basta apenas ter um boi pesado. O que realmente importa para a comercialização é a quantidade de carne que ele produz, medida pelo rendimento de carcaça. Esse é um fator crítico na determinação do valor final do animal.
O rendimento de carcaça é a porcentagem do peso vivo que se transforma em carcaça após o abate. Ele é influenciado pela genética, nutrição, raça, sexo e idade do animal.
O que é rendimento de carcaça?
É a relação entre o peso da carcaça quente (sem cabeça, patas, couro e vísceras) e o peso vivo do animal antes do abate. Expressa-se geralmente em porcentagem.
Rendimento de Carcaça (%) = (Peso da Carcaça Quente / Peso Vivo) x 100
Por exemplo, um boi de 500 kg que resulta em uma carcaça de 275 kg tem um rendimento de 55%.
Rendimento típico em pasto intensivo
Animais criados em pasto intensivo, com boa nutrição e manejo, tendem a apresentar rendimentos de carcaça superiores. Isso ocorre devido ao maior desenvolvimento muscular e ao menor acúmulo de gordura excessiva.
- Em sistemas extensivos: Rendimentos podem variar de 48% a 52%.
- Em sistemas de pasto intensivo: É comum observar rendimentos entre 53% e 58%, e até mais em casos de excelência e raças específicas para corte.
Um rendimento de carcaça maior significa mais arrobas vendidas para o frigorífico, resultando em maior receita para o produtor.
Por que a avaliação precisa do peso é fundamental
Acompanhar o peso dos animais com precisão é mais do que uma rotina; é uma ferramenta estratégica na pecuária intensiva. Essa prática fornece informações valiosas que subsidiam decisões cruciais para o sucesso do negócio.
Planejamento e gestão financeira
O peso dos animais está diretamente ligado à receita esperada. Conhecer o ganho de peso médio diário (GMD) permite projetar o momento ideal de venda e o faturamento. Auxilia na estimativa de custos com suplementação por arroba produzida.
Otimização da venda e comercialização
Saber o peso em arrobas ajuda a negociar melhor com os frigoríficos. O produtor pode vender no momento em que o animal atinge o peso e acabamento de carcaça ideais, maximizando o preço por arroba. Isso evita a venda antecipada ou a permanência desnecessária dos animais na fazenda.
Monitoramento do desempenho individual e do rebanho
A pesagem regular permite identificar animais com baixo desempenho ou problemas de saúde. Também serve para avaliar a eficácia do programa nutricional e da qualidade do pasto. Ajustes podem ser feitos rapidamente para corrigir rotas e manter o rebanho produtivo.
Ferramentas e técnicas para pesagem
A precisão na medição do peso é um diferencial para o pecuarista. Existem diversas ferramentas e técnicas que auxiliam nessa tarefa, cada uma com suas vantagens e limitações.
Balanças eletrônicas
São a ferramenta mais precisa para a pesagem de animais. As balanças eletrônicas modernas oferecem leituras rápidas e confiáveis. Podem ser fixas ou móveis, facilitando o manejo em diferentes partes da fazenda.
Muitas balanças possuem software integrado. Ele permite registrar os dados individualmente, auxiliando no histórico e na análise do desempenho de cada animal.
Fita de pesagem
A fita de pesagem é uma ferramenta prática e de baixo custo. Ela mede a circunferência torácica do animal e converte essa medida em um peso estimado. É útil para uma avaliação rápida em campo.
Contudo, sua precisão é menor que a de uma balança. A fita deve ser utilizada com cautela, principalmente em animais de diferentes raças ou estágios de desenvolvimento. Serve como um indicador, não como medida exata.
Avaliação visual
Pecuaristas experientes conseguem estimar o peso dos animais com certa precisão apenas pela observação. Eles avaliam o volume muscular, o acúmulo de gordura e o desenvolvimento geral do animal.
Embora valiosa, a avaliação visual é subjetiva e não substitui a precisão da balança. É uma habilidade desenvolvida com anos de prática e conhecimento aprofundado do rebanho.
Conclusão
A pecuária de pasto intensivo é uma estratégia eficiente para aumentar a produtividade e a rentabilidade da fazenda. Entender quantas arrobas um boi pode pesar nesse sistema é fundamental para o sucesso. O peso final de um animal é resultado de uma combinação de fatores. A genética, a raça, o sexo, a idade e, crucialmente, o manejo nutricional e sanitário, são os pilares desse desempenho.
Um bom programa de suplementação em pasto intensivo pode levar bois a atingir entre 32 e 40 arrobas ou mais, dependendo da idade e do objetivo de abate. Além disso, o rendimento de carcaça, que é a porcentagem de carne comercializável, é significativamente melhorado em sistemas intensivos. Isso resulta em maior valor agregado.
A pesagem regular e precisa dos animais é uma prática indispensável. Ela fornece dados concretos para o planejamento financeiro, a otimização das vendas e o monitoramento constante do desempenho do rebanho. Ao investir em manejo de qualidade, genética superior e ferramentas de pesagem, o pecuarista garante que cada boi de pasto intensivo contribua ao máximo para a lucratividade da sua propriedade.
