A ovinocultura de corte é uma atividade com enorme potencial de crescimento no semiárido, mas enfrenta um desafio central: a alimentação estratégica para a engorda e terminação dos animais. Garantir um ganho de peso rápido e constante, especialmente na seca, é o fator que define a rentabilidade do negócio. Dietas baseadas apenas em pasto nativo seco ou concentrados caros muitas vezes inviabilizam a atividade.
É aqui que a palma forrageira se consolida como a base de uma estratégia alimentar de alta performance. Para ovinos de corte, cujo ciclo de produção precisa ser curto e eficiente, a palma oferece a energia necessária para acelerar a engorda, melhorar a qualidade da carcaça e reduzir drasticamente os custos, tornando-se um pilar para o sucesso da criação.
Por que a palma acelera o ganho de peso em ovinos
Ovinos em terminação precisam de uma dieta “quente”, ou seja, rica em energia, para depositar gordura e atingir o peso de abate rapidamente. A palma forrageira entrega exatamente isso.
- Energia de alta digestibilidade: Com um NDT (Nutrientes Digestíveis Totais) próximo de 65%, a energia da palma é prontamente convertida em ganho de peso pelos ovinos, sendo comparável ao milho, porém com um custo de produção muito inferior.
- Altíssima palatabilidade: Ovinos são animais seletivos, mas consomem a palma picada com grande avidez. Isso garante uma alta ingestão de matéria seca e, consequentemente, de energia e nutrientes, maximizando o desempenho.
- Redução do ciclo de engorda: Com uma fonte de energia barata e constante, é possível abater os cordeiros mais cedo, entre 4 a 6 meses de idade. Isso aumenta o giro do rebanho na propriedade e antecipa o retorno financeiro.
Impacto na qualidade da carcaça e no resultado final
O objetivo da ovinocultura de corte é produzir uma carcaça de qualidade, com bom acabamento de gordura e rendimento.
- Melhor acabamento da carcaça: A energia da palma é fundamental para a deposição de gordura subcutânea, o que resulta em uma carcaça com melhor aspecto, mais protegida contra o ressecamento durante o resfriamento e mais valorizada pelo mercado.
- Manutenção do desempenho na seca: O uso da palma no cocho elimina o “emagrecimento sanfona” da seca. Os animais continuam ganhando peso de forma consistente, o que evita a perda de tudo o que foi ganho na época das águas e garante um fluxo contínuo de animais prontos para o abate.
Comparativo de sistemas de terminação
Sistema de Terminação | Ganho de Peso Médio Diário | Custo por @ Produzida | Qualidade da Carcaça |
---|---|---|---|
Pasto nativo na seca | 20 – 50g | Alto (ciclo longo) | Magra, sem acabamento |
Confinamento com milho | 250 – 350g | Muito Alto | Excelente |
Confinamento com palma | 250 – 350g | Baixo | Excelente |
Análise: O sistema com palma permite atingir o mesmo desempenho de um confinamento de alto grão, mas com um custo drasticamente menor, tornando-se a estratégia mais lucrativa.
Montando a dieta para ovinos com palma forrageira
Alerta: Ovinos são mais sensíveis a desbalanços nutricionais do que os bovinos. Fornecer apenas palma é um erro grave. A suplementação correta não é opcional, é obrigatória.
- Proteína de qualidade é fundamental: A palma é pobre em proteína. É essencial suplementar com fontes de proteína verdadeira, como o farelo de soja e o farelo de algodão, para garantir o desenvolvimento muscular dos animais. A ureia pode ser usada com extremo cuidado e em baixas quantidades, mas não é a fonte proteica ideal para ovinos em engorda.
- Fibra para a saúde do rúmen: Feno de boa qualidade ou bagaço de cana são indispensáveis. A fibra fisicamente efetiva estimula a ruminação, a salivação e previne a acidose ruminal, um risco em dietas com alta energia como a da palma.
- Cuidado redobrado com a mineralização: Ovinos têm uma exigência específica de minerais e são altamente sensíveis à intoxicação por cobre. Jamais utilize sal mineral de bovinos. É obrigatório o uso de um suplemento mineral formulado especificamente para ovinos.
Exemplo de dieta para um cordeiro de 30 kg em terminação
- Palma forrageira picada: 3 kg (10% do peso vivo)
- Farelo de soja: 200g
- Feno de capim picado: 250g
- Sal mineral para ovinos: Conforme recomendação do rótulo (geralmente de 5 a 10g).
A mistura deve ser feita de forma homogênea e fornecida em cochos limpos, de preferência duas vezes ao dia, para evitar fermentação.
A palma forrageira como motor da ovinocultura de corte
Para o produtor de ovinos de corte no semiárido, a palma forrageira é mais do que um alimento, é uma ferramenta estratégica que viabiliza a intensificação da produção. Ela permite confinar os animais a um baixo custo, garantindo um ganho de peso acelerado e a produção de carcaças de alta qualidade que o mercado exige.
Ao integrar a palma de forma correta na dieta, com a suplementação proteica, fibrosa e mineral adequada, o ovinocultor transforma seu sistema de produção, tornando-o mais resiliente, eficiente e, acima de tudo, muito mais lucrativo.